segunda-feira, 20 de abril de 2009

Ganhou o Sim

Ganhou o Sim na Bolívia. Ou seja, o povo boliviano aprovou a nova Constituição política do Estado. Tive a sorte de poder conversar com o companheiro Presidente Evo Morales, na mesma noite da vitória.

Evo sai novamente vitorioso e na verdade merece-o. Tem sido e é um grande líder, resistiu a agressões e a conspirações de todo o tipo, impulsionadas pelo governo imperialista de Bush, utilizando como instrumentos uma burguesia apátrida e uma direita fascista.

Impôs-se o voto do povo humilde, dos povos indígenas, dos excluídos durante 500 anos.

Sem embargo, é necessário dizer que esta vitória transcende a Bolívia, inscreve-se no processo histórico que já o presidente equatoriano, o companheiro Rafael Correa, qualificou de mudança de época.

Da minha óptica, este processo carrega na sua medula uma profunda revolução social, que se expressa poderosamente no âmbito dos campos político e jurídico.

Assim vem nascendo na América do Sul uma nova doutrina constitucional, fundamentada no poder constituinte originário dos nossos povos.

Na Venezuela, como o sabemos, o povo, uma vez activado o poder constituinte, aprovou a nossa avançadíssima Constituição Bolivariana, no 15 de Dezembro de 1999, há quase dez anos, iniciando-se com esse acto, não só a refundação da República, mas também o inicio da marcha do Projecto Nacional Simón Bolívar e a transição para o socialismo.

Hoje, depois de tantos acontecimentos de toda a ordem, que marcaram estes primeiros dez anos de revolução, impõe-se assegurar a continuidade do processo democrático bolivariano, projectando-o com mais força para a segunda e a terceira décadas deste século que começou e evitando a todo o custo qualquer risco de regresso ao passado, o qual seria verdadeiramente catastrófico para a Pátria.

Com base nisto, leitores e leitoras, compatriotas todos, a proposta de Emenda Constitucional, cujo único propósito é dar mais poder ao povo, na hora de eleger e remover governos.

Não há a menor dúvida de que a ofensiva das nossas forças adquiriu um ritmo cada vez mais acelerado, preciso e extenso por todo o país.

Quero felicitá-los e ao mesmo tempo acalente-los a redobrar todos os nossos esforços, pois a batalha não é nada fácil.

Cuidado com o triunfalismo! Que ninguém baixe a guarda nem por um só segundo! Começou para nós a Fase dos Desdobramento. E quero insistir no objectivo fundamental desta Quarta Fase: assegurar a materialização, a concretização do voto!! Causar i mínimo possível de abstenção nas nossas fileiras é vital para a vitória, que deve ser grande! Camaradas: sempre pensamos que íamos ganhar e isso é um sinal positivo daquilo que Bolívar baptizaria de “a vontade de vencer”. Mas também há que recordar que nem sempre temos vencido. Já perdemos o referendo de 2007 e perdemo-lo por “omissão”. Cerca de três milhões dos nossos eleitores, simplesmente não acudiram ao chamado.

Agora que ninguém falte! E esse é um dos grandes reptos que agora mesmo têm as nossas vanguardas, os nossos aparelhos, os nossos movimentos.

Para o concretizar devemos empregar com maior claridade, com muita pedagogia, por todos os meios possíveis, com precisão e constância, as campanhas informativas; diria Bolívar: “a poderosa artilharia do pensamento, das ideias”.

Por exemplo, há gente que todavia pode estar confusa acerca dos impactos da emenda, sobretudo motivada pela grande campanha de desinformação e de guerra psicológica lançada pelos comandos do Pacto de Porto Rico.

Aclaremos bem: não se trata de eleger no dia 15 de Fevereiro a um “Chaves (nem ninguém) vitalício”, como continuam a afirmar os porta-vozes da oposição. Vejam bem todos, vejam bem todas: trata-se somente de aprovar a possibilidade de que nas próximas eleições, aqueles que actualmente ocupam os postos de presidentes, governadores, presidentes de câmara ou deputados, possamos concorrer como candidatas ou candidatos.

Logo, sendo assim, vós ireis votar para eleger, se acordo com as vossas preferências.

Como diz esse lugar comum: Assim de caras!! Vamos pois, patrulhas e comités pelo sim, redobrar a ofensiva, com mística, com alegria, com paixão pátria…

Como aquele grito de batalha em Ayacucho, esse gesto libertador comandado pelo Marechal da América, António José de Sucre: Avante, a passo de vencedores!

Hugo Chávez Frias
27 de Janeiro de 2009